sorrir, ou lhe acenar com a mão, já calçadas com o guantezinho de caça.
Mas Cristóvão não vivia ocioso. Os pajens davam-lhe as armas para limpar. O sacristão, velho e trôpego, pedia-lhe para varrer a capela – e mesmo era ele quem acendia os fornos da cozinha, ou lavava a baixela suja. Depois, um dia, a avó, lendo uma história em que um gigante guardava um tesouro, quis que Cristóvão guardasse a torre onde estavam os arquivos e as arcas de dinheiro. A torre, então, foi o seu cuidado: constantemente vigiava para a limpar dos musgos ou das ervas. Todas as manhãs e todas as tardes batia as reixas das janelas esguias, para que nenhum ferro estivesse frouxo ou dessoldado. Era ele que levava o jantar, a ceia, ao arquivista, sempre debruçado sobre os seus pergaminhos. E agora dormia à porta da torre, com a grande chave de ferro toda fechada na mão. Todavia o menino, às vezes, ainda queria ser seguido por Cristóvão. Eram esses os seus dias alegres. Como um cão meio abandonado, os seus olhos simples e bons imploravam uma carícia. Mas em breve, o menino, com um gesto, o despedia: agora só se interessava por armas, por falcões, por ginetes de guerra. E Cristóvão, suspirando, com o coração pesado, ia estirar-se junto da torre, com a sua grossa chave sobre os joelhos.