em torno dele, longos tempos seus filhos tinham gritado de fome, tremendo de frio – e, escorraçado, esmagado, pisado, espremido pela força com um trapo vil, tomara uma faca, e partira a fazer justiça no mundo. De todos os seus, só lhe restava um neto, um neto pequenino, de seis anos, inocente e simples como um anho. E porque ele tirara uma maçã das macieiras do pomar do castelo, onde era servo, o Senhor fizera-o dependurar pelas mãos de uma árvore, acirrara contra ele os cães, e toda uma noite de inverno o deixara nuzinho sob a neve. Quando o despregaram da árvore estava moribundo. E a voz do velho tremia. Cristóvão deixara cair a barra de ferro, e com as mãos vazias e vagas, e abertas no ar, a cabeça caída, parecia pensar, no fundo da sua simplicidade. E o velho, avançando, perguntava-lhe por que não viria com eles abater os monstros que matam crianças nos seus negros castelos, acabar com os amos cruéis, para que sob o céu, um momento, os humildes respirem e limpem as lágrimas. E o velho limpava as suas lágrimas, com as suas pobres mãos que tremiam. Então, lentamente, Cristóvão apanhou a sua barra. Pouco a pouco desceu a colina. E o velho adiante gritava agitando o ramo, tropeçando nos pedregulhos.
— Este é o grande gigante que nos vem libertar!