armas. Todo o caminho embaixo estava negro da multidão dos maltrapilhos. E na ponte levadiça, o cavaleiro e o gigante ficaram sós, face a face.
Então, arrancando uma grande voz do peito, Cristóvão gritou:
— Vimos em paz. Trazemos as mulheres e as crianças. Nada temos contra ti... Mas todos os que me seguem têm fome. Detrás das tuas muralhas, há tesouros, arcas cheias de pão, grandes peças de carne diante da lareira... Estes, que vêm comigo, não têm uma moeda de cobre, trabalham toda a vida, sofrem da fome, vêem as criancinhas devorar as raízes, morrem pelos cantos dos bosques como um lobo, e a vida toda para eles é um tormento... Dá uma esmola da tua abundância a toda essa pobreza que passa. Se queres, vem, não receies, passa através dessa multidão, olha para esses corpos magros, vê as criancinhas chorando com fome, as velhas tropeçando sob os fardos, toda uma miséria que já não pode sofrer mais... Tem piedade!
E tendo assim falado, Cristóvão recaiu na sua simplicidade, ficou mudo, estúpido, com os seus grandes olhos de boi de trabalho pregados nos castelo. Devagar, o Senhor voltou as rédeas, e a passo, com a cabeça baixa e pensativa, sumiu-se sob a porta do castelo. Mas as portas não se fecharam – e dentro em pouco, um