ao bispo. Para além da porta santa, guardada pelo porteiro, encruzado no chão, com os tabulários que continham o rol dos fiéis, só havia uma sala vasta, nua, mal caiada, onde ardiam doze lâmpadas. Na sexta-feira que se seguiu à flagelação dos Irmãos, quando Onofre, como sempre descalço, com o rolo da Escritura metido no seio da túnica, aí penetrou e se colocou, humildemente, num canto – todos o saudaram, com o cântico que se deve aos mártires. Um diácono correu, murmurando: Sanctum! Sanctum! para o conduzir junto da mesa coberta de linho branco, que servia de ara: – e até o bispo Alexandre se ergueu, apoiado ao báculo, para o beijar nas duas faces. Onofre permanecia mudo, assustado com a veneração e os louvores. E apenas, findas as preces, os Irmãos trocaram o ósculo ritual, ele correu, cosido com os muros, como um culpado, até ao templo de Artemis, para junto dos seus mendigos e dos seus estropiados – e deliciosamente reentrou na sua humildade.
Mas a fama da caridade de Onofre era já grande entre os Irmãos: – e uma diácona, senhora de muitas terras e de muitos gados, a quem a velhice, a doença, impedia os exercícios santos, chamou Onofre a sua casa, e apontando para um cofre de cedro, disse: «Aqueles bens eram para os pobres, e para os pobres tos entrego... Leva, tira, até que eu depressa