entre os campos – a gente prostrava-se ante ele, com uma reverência misturada de medo: as mães traziam os filhos, nus e coroados de flores, como quando os votavam aos antigos altares, para que Onofre lhes desse a Boa Sorte: – e os casaleiros vinham puxar pela ponta da sua túnica, mostrando, com o olhar suplicante, os campos que desejavam que ele fecundasse.
Um surdo temor, então, invadiu Onofre – porque, naquela reverência pela sua virtude, ele só via perigos para a sua humildade. Quando lhe traziam doentes para que ele os sarasse, ou mulheres possuídas de um demónio para que ele as purificasse – já Onofre recuava aterrado, batia no peito, gritava: «Mas eu não sei! não posso! Quem sou eu? O mais vil dos pecadores. Pedi a Deus, orai a Deus». Mas a dor daquelas almas crédulas ante as suas súplicas desatendidas, dilacerava o coração de Onofre. E não era menor o tormento da sua dúvida. Se ele possuía na verdade, por graça do Senhor, o dom de sarar a carne doente, calmar as almas, quanta era a sua crueldade em não suprimir essas aflições? Mas também no exercício do milagre, quantas pavorosas tentações do orgulho! E cada dia este tormento se alargava. Aquelas mães desgrenhadas, que lhe gritavam entre soluços: «Tem piedade do meu pobre filho!» Aqueles velhos aleijados, que do chão onde os retinha o mal, estendiam os braços para ele, com ansiedade,