Um dia uma filha do velho que o recolhera, não acordou – e ficou branca e imóvel no seu catre, como se a alma, durante o sono, a tivesse para sempre deixado. Diante dele, de joelhos, o velho suplicava e chorava:
– Tu podes tudo. Sabes as artes. És amado de Deus! Os outros monges curavam, dispunham da vida. Salva, salva a minha filha do meu coração!
E, cheio de lágrimas também, Onofre sentiu a certeza de que se tocasse com as mãos na face da pobre rapariga, ela se ergueria curada, e sorrindo. E já estendia as mãos – quando, bruscamente, no seu espírito, passou, como o clarão do Inferno, o orgulho do seu poder.
Então recuou, aterrado, a tremer.
O velho, de rojos, beijava os pés de Onofre.
–Sê bom! sê bom!