o chão, com a cabeça encostada ao muro, os olhos tristemente perdidos no céu, naquele céu, para onde em vão a sua alma aspirava. Os íbis esvoaçavam, recolhendo aos ninhos. Longos raios de ouro pálido passavam através das palmeiras, e longe, do lado do rio, vinha o mugir lento dos búfalos. Onofre comeu o pão da esmola; – e a boa rapariga inclinou, para a sua pobre boca ressequida e poeirenta, a borda do cântaro, murmurando: «Que esta água alegre o teu coração!»
Ele bebeu, louvando o Senhor, que manda a água aos que têm sede: – depois apanhou o seu bordão, e, ajudado pela boa rapariga, de novo se ergueu, com um suspiro tão doloroso, que os dois belos olhos negros se humedeceram.
E seguia – quando à porta da cabana uma mulher, pálida e magra, apareceu, trazendo ao colo uma criancinha que um farrapo embrulhava. E Onofre parou, tomado de uma infinita piedade por aquele pobre pequenino, todo encolhido nos braços da mãe, com a facezinha caída contra o seu ombro, como uma flor tenra, quebrada pela haste, e já morta. Grossas crostas, de feridas arroxeadas, cobriam a sua miserável cabeça, onde todo o cabelo se despegava; a orelha era uma chaga; um trapo manchado de sangue seco cobria um dos seus olhos, recaía ainda sobre o outro, amortecido, toldado de lágrimas; uma pele lívida e mole