e fui sublime; mas o Garção foi acolhido com indiferença e secura. E um só grito ressoou nos bastidores:
– Ora aí têm... Um fracasso! Pudera! Peças portuguesas!...
Imediatamente nos refugiámos no francês e em Scribe.
O Teatro, pouco a pouco, pusera-me em contacto com a literatura. Encontrei, organizada, completa, uma larga sociedade literária a que em parte presidia o homem, entre todos excelente e grande, que é mais que uma glória da sua pátria, porque é uma glória do seu século. Mas, à parte esse, em quem as largas, fecundas correntes do saber contemporâneo não alteravam de todo esse feitio especial, profundamente português, de ilhéu de boa raça, descendente de navegadores do século XVI – todo o resto desse rancho encantador parecia ter chegado na véspera do Quartier Latin. Sobre as mesas, só havia livros franceses; nas cabeças só rumorejavam ideias francesas; e o cavaco, entre a fumaraça, tomava invariavelmente o picante gosto francês. O que se lia? Só a França. Toda a França – desde Mery a Proudhon e desde Musset a Littré. Em todo o tempo que vagueei pelas margens do Mondego, creio que não abri um livro português, a não ser, em vésperas de acto, e com infinita repugnância, a Novíssima Reforma Judiciária. Mas conhecia, como todos