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São uns olhos verdes, verdes,
Uns olhos de verde mar,
Quando o tempo vae bonança;
Uns olhos cor de esperança,
Uns olhos por que morri;
          Que, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo,
          Depois que os vi!

Como duas esmeraldas
Iguaes na forma e na cor,
Teem luz mais branda e mais forte:
Diz uma: vida; outra: morte;
Uma: loucura; outra: amor;
          Mas, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo,
          Depois que os vi!

São verdes da cor dos prados;
Exprimem qualquer paixão,
Tão facilmente se inflammam,
Tão meigamente derramam
Fogo e luz no coração;
          Mas, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo,
          Depois que os vi!