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"As trevas rolam com as tranças negras,
Que a Andaluza desmancha em mago enleio;
E entre rendas subtis surge medrosa
A lua plena, qual moreno seio.

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Meus prantos sirvam apenas
P’ra humedecer teus cabellos
Como da corça nos vellos
Fresco orvalho a resvalar...

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Sentir que a vida vai fugindo aos poucos,
Como a luz que desmaia no occidente;
E boiar sobre as ondas do sepulcro,
Como Ophelia nas aguas da corrente...
Sentir o sangue espadanar do peito,
Licor de morte, sobre a boca fria,
E meu labio enxugar nos teus cabellos,
Como Rolla nas tranças de Maria!"...

Mas, repito, a viagem é longa, Somente, antes de sair da cabeça, registremos que de todos os encantos da cabeça feminina o unico que n8nca enfeitiçou poetas é o nariz. O nariz, em poesia, só tem inspirado chacotas. Entretanto, elle era para os escultores antigos, como ainda para os modernos, o ponto da face humana de maior trabalho e do mais difficil estudo. Ha até regras fixas para o typo de perfeição do nariz