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Admirae a frescura do “Primaveril": quando uma linda mulher passeia pelo campo, o que nelle encanta mais Raymundo Corrêa é a agitação dos seus pés:

“Despertou; e eil-a já, fresca e rosada,
Na varzea em flor, que se atavia e touca
Da primavera ao bafo, e onde é já pouca
A neve, ao sol fundida e descoalhada...

E em sua tremula, infantil risada,
A boca abrindo, patenteia, a louca,
Rico escrinio de perolas da boca
Na pequenina concha nacarada.

Voa, as papoulas esflorando e as rosas...
Passa entre os jasmineiros que se agitam,
A’s vezes celere, e pausada ás vezes...

E, sob as finas roupas vaporosas,
Seus leves pés precipites saltitam,
Pequenos, microscopicos, chinezes..."

José Bonifácio, o moço, não podia ver um pé delicioso, sem ter vontade de ajoelhar-se diante delle. Disse um dia que o pé tem uma alma propria, — e esta confissão é de um acabado e delirante feiticismo: