Página:Uma campanha alegre v1 (1890).pdf/95

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multidão avinhada, impaciente, aborrecida, com um cheiro enjoativo e um rumor de troça, espera que chegue a hora de dar o seu voto ao Governo, livre, espontâneo e consciente!

Cada freguesia vai votar arrebanhada, de regedor à frente. Os tamancos soam no lajedo da igreja, o secretário da mesa chama numa voz dormente. A cada nome o regedor volta-se para o indivíduo:

— Vá! és tu. Chega-te... perdeste a lista? Pensei! Deita ali! Rua!

E a igreja vai-se esvaziando, os sacristães apagam as velas nos altares, os senhores da mesa bocejam, as beatas persignam-se com água benta, os papelinhos brancos acumulam-se na urna, os influentes satisfeitos fumam no adro, os Cristos sobre os altares agonizam nas cruzes. Viva o sufrágio!

Bem te compreendemos, leitor! Querias comentários, conclusões, e a moral desta farsa? Olha, se sentires, no fim desta narração, a necessidade de uma liga de todos os homens sérios contra o triunfo progressivo desta corrupção — esse será o único comentário justo e fecundo.