Página:Uma campanha alegre v2 (1891).pdf/105

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e se a tua bem-amada to diz, é que não tem mais nada que te dizer e mente por mero deleite.

O brasileiro não é espirituoso como Mery ou Rochefort: — mas tu, português, não

és certamente espirituoso! De cima dos embrulhos daquela tenda, quarenta folhetins to provam!

O brasileiro não é elegante como o conde de Orsay ou Brummel: — mas tu, português, dândi desventuroso do Chiado, ou contribuinte da Rua dos Bacalhoeiros, tens a tua elegância dependurada no bom Nunes algibebe!

O brasileiro não é extraordinário como Peabody que deu de esmolas cem milhões, nem como Delescluze que queimou Paris: — mas tu, português, és tão extraordinário como uma couve, e ainda tão extraordinário como um chinelo.

Ora o brasileiro não é formoso, nem espirituoso, nem elegante, nem extraordinário

— é um trabalhador. E tu português não és formoso, etc. — és um mandrião! De tal sorte que te ris do brasileiro — mas procuras viver à custa do brasileiro. Quando vês o brasileiro chegar dos Brasis, estalas em pilhérias: — e se ele nunca de lá voltasse com o seu bom dinheiro, morrerias de fome! Por isso tu — que em conversas, entre amigos, no café, és inesgotável a troçar o brasileiro — no jornal, no