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duas mulheres apareceram numa grande aflição. Tinha chegado ao povoado o Batalhão

Sagrado. O homem fora denunciado.

O Batalhão Sagrado era composto de padres armados de clavinas e foices. Era a guerrilha idiota do assassínio. Longe das suas igrejas, desembaraçados dos votos, na

Como mudam os tempos! Há cinquenta anos, na Península, o Legitimismo governava triunfalmente, e apenas, pelos montes, nos despovoados, alguma guerrilha constitucional, mal armada e mal mantida, perseguida com mais rancor que um lobo, protestava, em nome da vaga e indefinida deusa que tem entre os homens o nome ininteligível de Liberdade, a raros tiros de espingarda. Hoje, ai! o constitucionalismo de guerrilha fez-se exército, apoderou-se do Estado, estabeleceu-se no Tesouro, e é o legitimismo que anda agora a monte na Navarra e na Biscaia. liberdade da serra e dos caminhos, ávidos como animais soltos, de clavina ao ombro, iam estes sacerdotes levando através das povoações — uns a cólera bestial do seu fanatismo, outros a violência animal da sua sensualidade, todos uma lúgubre e temerosa opressão. Eram temidos mais que todos os flagelos. Matavam e prendiam. E a prisão era pior que a morte — porque era a tortura requintada e monstruosa. As duas mulheres tremiam ao pé do doente.

— Bem — disse ele — vossemecês em todo o caso não têm que temer. Se os padres vierem eu cá estou. Apresento-me, digo que estava aqui contra a vontade das senhoras.

Atiram-me para um canto e acabou-se. Estou fraco, não me há-de custar muito morrer.

Se dessem busca à casa e me achassem para aí escondido, davam cabo de mim da mesma maneira, e vossemecês padeciam. Assim é melhor. Eu cá estou.

As mulheres choravam, queriam escondê-lo; o homem recusou com a indiferença de um vencido. Daí