Página:Uma campanha alegre v2 (1891).pdf/185

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uma ponta exigente de amor, ela sorri, atira beijos, os seus olhos, gulosos de ruído, cintilam sob o capuz de cetim, rasga a luva em relíquias; grita-se, está-se febril, estroina, absurdo, e quando ela desce do carro, atira-se com o paletó, com o lenço, com a vida, por violência, petulância de sangue, desordem de sensações, como se atira, na cascalhada de uma orgia, com as garrafas de champanhe aos espelhos melancólicos do restaurante! Não é assim com Sua Majestade.

Vitoriar o Rei é uma afirmação política — não é uma estroinice ruidosa.

Consciências de cidadãos que se afirmam, não são bambochas de estudantes que estalam. Não é o cidadão que está ali quando um homem despe a sua casaca, para que a dançarina tal pouse o seu pé subtil: é o rapaz, o estroina, o doido, o amante: não é o cidadão. Quando um homem aclama o Rei — é o cidadão que está ali; não é o namorado, nem o diletante, nem o estroina. Ora despir assim a casaca pode ser natural no estroina, não é digno no cidadão!

Ou Sua Majestade é recebido como um Rei — isto é, uma política, um princípio, uma ideia, e então deve ser aplaudido com dignidade, convicção, seriedade: ou é recebido como uma dançarina famosa e então não se lhe apresenta o pálio — dá-se-lhe uma ceia na Foz, na Mary, com champanhe por