Página:Uma campanha alegre v2 (1891).pdf/192

Wikisource, a biblioteca livre

Isto significa que a nova espécie — o sermão político — é empregada não na crítica mas na injúria.

Quando se quiser comentar a política de um ministro lá está a imprensa, a tribuna, a conferência, o livro — isso é da competência profana: mas quando se quiser injuriar o

Eis aí, espetada na ponta da nossa pena, mais uma proeza eclesiástica. Os senhores padres prodigalizam-se, e os seus feitos despertam a cada momento, com um rumor irritado, o silêncio da opinião. O País está com o clero, como um homem débil e nervoso que sente umas unhas compridas raspar a cal da parede. Encolhe-se, dobra-se, geme. E termina por mostrar aos senhores eclesiásticos os seus dois poderosos punhos — fechados e impacientes. ministro, lá está o púlpito — isso entra na atribuição eclesiástica.

O sermão político, seguindo o exemplo discutido, nada tem com a crítica legal, parlamentar, científica; o sermão é sempre para o vitupério. Quem quiser uma apreciação sobre o Sr. Fontes, dirige-se à Gazeta do Povo: só no caso extremo de o querer injuriar, é que se dirige ao pregador: e este, revestido dos seus hábitos, sobe ao púlpito, e na presença das imagens, depois de se persignar e de tossir, com gesto devoto, fazendo ondear a estola — debruça-se e clama:

«Meus amados ouvintes, O Sr. Fontes é um ladrão. Peço um padre-nosso e duas ave-marias.»

Quando Monsenhor Oreglia, núncio apostólico de Sua Santidade, partiu para

Roma, levou consigo, como um documento vivo e actual, a colecção das Farpas, cheias de história eclesiástica: «Hei-de dar isto a ler no Vaticano, e há-de fazer seu barulho», disse Sua Eminência. — E assim a crítica inquieta