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o, cuspia-lhe: — o barco, inabalável, estendia a sua sombra bojuda sobre a quente amarelidão da areia. Então a inteligência da comissão deu um grito e compreendeu — que para fazer navegar um barco é necessária uma

Na Foz, há pouco, voltou-se uma lancha. Morreram 14 homens. tripulação.

Quando a comissão, em assembleia geral, afirmou definitivamente esta ideia — foi que o governador civil, surpreendido justamente por tanta agudeza e engenho — os mandou louvar, em portaria. — E começou-se a procurar uma tripulação...

Mas aí foi a crise temida. Cada marinheiro, cada remador, convidado a comparecer, acercava-se do salva-vidas, apalpava-o, olhava-o, e recusava resolutamente. Foram chamados os afoitos, os destemidos, os heróicos. Torciam o barrete entre os dedos, e diziam secamente: — Menos eu!

A comissão tinha os cabelos brancos. A cada recusa afastava-se melancolicamente, e ia deliberar. Os naufrágios seguiam o seu curso trágico. O salva-vidas dormia.

Enfim um dia a comissão, exasperada, veio, em grupo, interrogar o segredo estranho. Aproximou-se do salva-vidas. Olhou e levou violentamente a mão ao nariz. O salva-vidas, o jovem salva-vidas estava podre!

Se descesse à água desfazia-se — foi a opinião dos peritos. E a comissão com o olfacto resguardado,