Página:Uma campanha alegre v2 (1891).pdf/238

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Estas pequeninas coisas, que enchem a sua existência, que a complicam em cor-de- rosa, que a idealizam — são a sua grande atracção. E o que amam. O homem, amam-no pela quantidade de mistério, de interesse, de ocupação romanesca que ele dá à sua existência. De resto, amam o amor. Havia muito deste sentimento nas místicas e nas antigas noivas de Jesus. Amavam a Deus porque ele era o pretexto do culto.

Por aqui se explica uma coisa que surpreendeu Taine. E foi que na sua última viagem a Inglaterra, contava-se então, nas crónicas íntimas, que em toda a vasta aristocracia inglesa que faz a season em Londres, havia apenas um adultério! E todavia que luxo, que idealismo, que vagares, que requintamentos de sensação, que excitações do chique! Taine explica isto por muito finas razões, subtis e profundas temperamento, publicidade, boas saúdes, rectidão de ideias, etc.: esqueceu-lhe uma razão, a mais inglesa. E que a lady romanesca, sensível e fria — o que pretende sobretudo e exclusivamente no amor, são as suas ocupações, é a sua melancolia. A inglesa, com a sua carnação saudável, as suas risadas francas, os seus cabelos espalhados e impertinentes, a sua higiene, as suas corridas a cavalo, a sua virilidade de pensamentos

— conserva todavia, sob o seu movimento excêntrico e resoluto,