Página:Uma campanha alegre v2 (1891).pdf/245

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dentro em si para seu uso, cuidadosamente — a pilhéria e a víscera.

Na valsa a mulher faz a poesia do movimento — o homem faz-lhe a farsa. O homem, de resto, nunca deve dançar: o seu movimento são as armas, a luta, a marcha, o salto, a ginástica: já Napoleão o dizia. O Oriente, tão profundo e tão subtil, compreendeu isto admiravelmente: aí as mulheres dançam sós entre si; o homem, encostado no divã, contempla e fuma o chibouk.

Valsem! valsem! — e creiam que esta glorificação e desinteressada: o que escreve estas linhas não valsa. Valsou. Valsou um dia. Era de madrugada, ao fim de um baile, dado muito longe daqui, ao Oriente e ao Ocidente. Valsou com um preto. Na sala deserta, luminosa e cintilante como uma visão do sultão Achmed, quatro pessoas assistiam gravemente àquela valsa solitária: um chefe de tribo dos confins da Núbia, imóvel na sua túnica de linho e fio de oiro, lorde C... que morreu agora em Florença, um sábio doutor prussiano, mademoiselle J... des Bouffes e um capitão de artilharia inglesa, que olhava gravemente, a cavalo num criado. E tantas saudades lhe ficaram ao que isto conta, daquela valsa — que assim como o rei de Tule nunca mais bebeu, ele nunca mais valsou.

Ora o que se faz a esta mulher inteiramente, exclusivamente