Página:Uma campanha alegre v2 (1891).pdf/260

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lhes fará compreender — que a pequena burguesia já está mais pobre que o proletariado: que ela, vivendo sob a pressão feroz da carestia dos alugueres, do alto preço dos géneros, da agiotagem — não pode todavia fazer greves — e que, por exemplo, um primeiro oficial de secretaria é mais pobre e bem mais proletário do que um operário pintor de carruagens, cujo salário pode elevar-se a 2$000 réis por dia.

É verdade que um pintor de carruagens é a excepção — mas o director-geral não é a regra.

Se além dos empregados públicos — o que lhes pode parecer uma aproximação humorística — os senhores se lembrarem das classes agrícolas e da miséria dos trabalhadores do campo, que são, como os senhores, proletários — e não sei se diremos que eles, criados na salutar educação da terra e da cultura, nos merecem mais simpatias que o proletário da cidade, que tem uma polidez de mau agoiro — verão que no fim de tudo, para além dos senhores, muita miséria existe calada — que deveria falar.

Outra coisa porém lhes pedimos com todo o empenho — é que estudem melhor as suas greves. Porque, tendo os patrões o meio de se desforrar do aumento do salário que os senhores lhes exigem, aumentando o preço por que vendem aos que consomem,