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Página:Uma tragédia no Amazonas.djvu/114

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Uma dessas tardes enfadonhas de céu cor de chumbo invadia a passos lentos a natureza. As últimas horas do dia pouco destoavam das primeiras. Aos golpes do vento que soprara pela manhã sucedera uma aragem úmida, que punha em agitação os ramúsculos tenros da crista das árvores, e o silêncio no mato se tornara quase absoluto.

Eustáquio e todos os que se achavam com ele sentiam o mal estar que lhes comunicava o tempo. Pelas janelas da casa abertas para o ocidente, podiam ver o sol, que baixava gradualmente para o horizonte, rodeado de nuvens, como gigantesca medalha de ouro envolta em flocos de algodão amarelado; mas as reflexões de cada um não nos deixavam atentar para esse espetáculo.

Depois das últimas palavras do padre Jorge ninguém mais falara. Ninguém se lembrava de que eram horas de jantar. Todos esperavam pelo ataque dos bandidos. Branca com algum medo, Rosalina com impaciência, porque queria ver logo seca a fonte das inquietações dos seus benfeitores. Eustáquio e o seu amigo, confiados nos defensores da casa,