Página:Uma tragédia no Amazonas.djvu/120

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malfeitores, que chegavam para terminar a obra começada pelos seus companheiros.

— Meus amigos, disse a meia voz Eustáquio, dirigindo-se ao padre Jorge e ao paraense, a nossa situação, não dissimulemos, é quase desesperada. Se algum socorro não nos chegar de S. João do Príncipe antes do arrombamento da porta da cozinha, só nos restará correr para o roseiral, atacar os sete bandidos que querem invadir-me a casa e morrer em suas mãos, deixando Branca, Rosalina e o meu filhinho entregues a Deus.

O marido de Branca parou como que fatigado pelo esforço que fizera para pronunciar aquelas palavras.

Depois prosseguiu, maquinalmente, deixando ver a preocupação do seu espírito:

— Esse socorro não virá sem que se o vá buscar... Eu vou ao povoado. Em breve estarei de volta, trazendo-vos... a salvação.

O padre Jorge e o paraense quiseram dizer alguma cousa.

— Não há nada a observar, meus amigos, ponderou Eustáquio, em tom firme. É talvez perigoso alguém se aventurar lá fora, mas eu espero que serei feliz... Além do que, quando se trata de salvar a muitos, um pelo menos tem o dever de se arriscar... Eu parto... Até já!

E, antes que os seus amigos tivessem tido a idéia de o deter, Eustáquio encaminhou-se para a porta que dava para o roseiral. Quando suas mãos tocavam a chave da porta, ele ouviu uma voz murmurar-lhe ao ouvido, com a suavidade de um ósculo: