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Página:Uma tragédia no Amazonas.djvu/122

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feições alteradas pelo desespero, os olhos fechados, mas enxutos ainda, não reconheceria nele o enérgico homem que fora o subdelegado de S. João do Príncipe. Aos pés do leito soluçava Rosalina, orando de joelhos. Entretanto o padre Jorge examinara as feridas de Branca e as refrescava com água fria trazida pelo paraense, que nessa ocasião carregava algumas armas, olhando, ora tristemente para a jovem ferida, ora com ferocidade para o lado da cozinha, cuja porta via fender-se sob os golpes dos bandidos.

Branca deu um gemido quase imperceptível e abriu os olhos.

— Oh! gritou Eustáquio, levantando-se de um pulo e segurando o braço do padre Jorge. Está viva! Não morreu não! Deus não quis matá-la. Ah! se ela morresse eu seria um réprobo. Ela morreria por minha causa!... Padre Jorge, ela coitada queria fugir e eu... miserável!... me opus! Me opus!... ali está a minha obra!...

O pobre homem apontou para a esposa. Depois, inclinando-se para ela exclamou:

— Mas tu não morrerás, não, Branca! Deus não será tão cruel para mim!...

E dos seus olhos irromperam as lágrimas, que até então se tinham recusado a conceder-lhe alívio ao sofrimento.

Branca encarava-o com doçura, ao passo que trocava com Rosalina infinitos beijos. A menina já a considerava salva.

O padre Jorge, que conhecia o estado da ferida e se lembrava dos malfeitores, não teve forças para fingir que estava também satisfeito. Afastou-se do leito de Branca e