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Página:Uma tragédia no Amazonas.djvu/130

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Alta noute, no mesmo teatro das cenas de sangue que acabamos de narrar, passou-se uma cousa indescritível.

Um homem apareceu correndo do meio da escuridão dos bosques. Trazia nos braços uma carga, que não parecia pesar-lhe.

Inesperadamente ele parou.

Tropeçara em um objeto.

— Mais outro?! murmurou ele, em francês.

E abaixou-se para ver em que esbarrara.

Nessa ocasião o minguante da lua, levantando-se, mostrou-se no céu e difundiu alguma luz pelo campo.

Então, como se essa luz viesse queimá-lo, o desconhecido deixou partir dos seus lábios um som apenas comparável ao uivo derradeiro do cão a morrer.

— Morto! disse depois.

O objeto em que tropeçara era o cadáver de Otávio.

Depôs então o seu fardo em terra e ajoelhou-se ao lado do menino morto.

Aquele fardo era o corpo de Rosalina. O desconhecido o encontrara na floresta, despido e sacrilegamente maltratado, e o trouxera envolto no seu capote.

Com dous estertores pronunciou dous nomes e chorando debruçou-se para os cadáveres.

— Meus pobres filhos! exclamou ele.

Em tom de desespero acrescentou: - Meu Deus! Meu Deus! Ambos assassinados!

E, abatido pela dor, estirou-se ao lado dos douscadáveres.