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terá de repugnar em face das barbaridades, que ele pratica cada dia. Implacável é o seu ódio, e a pobre senhora Luísa B. bem o tem experimentado. Pobre senhora! Seu marido foi também um homem cruel; mas a cólera do comendador o seguiu por toda a parte, e Deus sabe... talvez lhe abreviasse os dias...

— Pois quê?! – interrogou Tancredo – Julgas, Túlio, que fosse o comendador o assassino de Paulo B.?

— Não sei, senhor – suspirou o negro. – O comendador nunca procurou justificar-se; e graves suspeitas pesam ainda hoje sobre ele.

Nesse comenos cortavam eles ao meio a situação do comendador, deixando ao nascente a casa de sua residência, bela na aparência, de uma construção sólida, e elegante; porém hermeticamente fechada; e ao poente um longo cercado de pau a pique, no centro do qual erguia-se uma cruz sobranceira: era o cemitério.

Ambos levaram as mãos aos chapéus, e reverentes descobriram a cabeça.

O sol começava já a amortecer seus raios.

A essa mesma hora, também alguém caminhava apressadamente para a casa de Luísa B., e que, como Tancredo, amava cegamente ao lírio daquelas solidões. Esse alguém era o comendador Fernando P.

Fernando P. vinha da cidade de ***, e suas cavalgaduras arfavam de cansaço pela rapidez da marcha. Mas à hora que Tancredo atravessava a fazenda de Santa Cruz, a Fernando P. faltava mais de uma légua para aí chegar.

Ambos caminhavam pois para o mesmo lugar, tinham