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Página:Ursula (1859).djvu/145

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encontrar o padre, e não se enganou, que bem perto ia ele. Caminhava a passo lento e ia levar consolações àquela a quem o comendador ia pedir amor.

— Meu padre, – exclamou Fernando ao avistar o homem de paz, que o precedera na viagem – enfim vos encontro! Eia, dizei-me, o que há de novo?

O padre fixou-o com olhar que queria dizer:

— Resignai-vos!

— Minha irmã?! Minha pobre irmã?! – soluçou magoado aquele coração de ferro.

— Morreu, Filho! – disse o padre comovido – E Úrsula geme acurvada pela mais pungente e aflitiva dor.

Então duas lágrimas rolaram dos olhos de Fernando, que se esqueceu de si, imerso nesse sentimento, único que esclarecia a sua vida em todos os demais pontos tão negra. Abandonou as rédeas, e o seu cavalo seguia os passos tardos da mula do digno sacerdote.

E esse torpor doído durou muito, e ninguém ousava quebrar o silêncio que era completo.

Então a corrida de rápida tornou-se vagarosa e pesada, e a lua já passeava bem alta nos campos do céu, quando o comendador, ajudado por seus dois pajens, apeou-se à porta dessa casa silenciosa, cuja fachada melancólica demonstrava os grandes pesares de que o interior era testemunha atenta, posto que muda e impassível.

Enquanto o padre humildemente desmontava, os dois negros batiam à porta. O arruído enfim despertou a velha africana de seus pensamentos dolorosos, e fê-la vir pressurosa ao reclamo, persuadida de que eram os dois cavaleiros, e Úrsula, que regressavam.