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as pistolas, e pondo-as ao peito, disseram acenando-lhe para a porta de um casebre insignificante e velho, que lhes ficava fronteiro:

— Entra aqui, e se gritares morres.

O jovem negro olhou em cheio esses dois homens, que tão bruscamente o acometiam, e conquanto não fosse medroso, estremeceu involuntariamente.

Túlio lembrou-se do comendador, e julgou-se perdido. Imaginou nesse momento extremo mil meios de seduzi-los, ou de fugir-lhes, tudo foi inútil; porque a esses homens, tão versados no crime, era impossível enganar ou comover: resignou-se, pois, e obedeceu.

Entrou em um corredor escuro e úmido como uma sepultura, e a porta fechou-se sobre eles.

— Que intentais de mim? – interrogou Túlio com voz firme.

— Mais tarde o saberás – respondeu-lhe um dos dois com um sorriso frio e afrontoso.

E esse mesmo homem tocou com as pontas dos dedos em uma porta lateral. Esta abriu-se como por encanto, devassando um quarto quase tão úmido e escuro como o lugar onde se achavam.

Já não havia a claridade do dia, e a luz de uma vela a não substituíra ainda.

— Acompanha-nos! – disseram ambos com voz que revelava fria crueldade.

Túlio recuou no limiar da porta, porque no meio desse quarto Fernando P. passeava.

— Entra covarde! – tornaram ambos – Túlio obedeceu.

O comendador cruzava o quarto com passos desordenados. Pálido como um espectro, com os cabelos erriçados, os lábios convulsos e contraídos, as comissuras