corações sensações, suposto que em ambos doídas, mas diversas em sua natureza.
A Túlio parecia aquele delírio precursor da morte, e a dor da perda de um amigo, o primeiro talvez que o céu lhe dera, absorvia-lhe todas as faculdades, e para tão grande pesar não tinha prantos, não tinha uma só palavra. Úrsula, pelo contrário, sentia estranho desassossego, um quê, que não sabia definir a si própria! Uma inquietação mortal, uma desconfiança, e as lágrimas brotavam-lhe espontâneas do coração.
— Adelaide! – prosseguiu ele após longa pausa – Adelaide!... Este nome queima-me os beiços; enlouqueço quando penso nela.
— Adelaide!... – repetiu consigo mesma a filha de Luísa B. – Oh! Quem serás?!...
O que é a natureza humana! O que é o coração da mulher! A Úrsula, pobre flor do deserto, que importava um nome proferido em delírio?
Essa mulher, essa Adelaide, parecia-lhe que muito interessava ao mancebo, que ainda agora lhe vivia no coração malgrado as palavras amargas, ou entranhadas de desesperação, que lhe caíam dos lábios ao lembrar-se dela. Essa mulher figurava-se-lhe bela como um anjo, sedutora como uma fada, maligna como um demônio, e entretanto amada, muito amada; e o seu nome lhe queimava o coração, como se lá estivesse escrito com letras de fogo.
E há de ele amá-la? – repetia Úrsula a si própria com uma pertinácia, que a teria admirado, se nisso pudesse atentar. Amor! – prosseguia – o que é amor? Creio que jamais amarei. Mas Adelaide deve ser muita amada por ele... mas eu o ouvi amaldiçoá-la!... Por