— Recusas? – perguntou-me desconcertando-se. — Recusas?
— Não, senhor. Mas...
— Mas... O quê?
— Meu pai, porque não desposarei Adelaide antes de partir para a terra do exílio? Oh! Não, não, hei de desposá-la; e depois irei contente.
Então ele mordeu asperamente os beiços, tornou-se rubro de cólera, e com voz, que mal disfarçava a raiva de ver-se assim contrariado, disse-me:
— Tancredo, dei-te a minha palavra, Adelaide será tua esposa, é um sacrifício: impus-te uma condição, aceitaste-a. É sacrifício por sacrifício. A condição é fácil de aceitar-se, mas...
Interrompeu-se e ficou em silêncio.
Velho cruel! Dizia eu a mim mesmo; porque semelhante procedimento para comigo?!
— Acabemos com isto: – tornou-me ele enfurecido – uma palavra somente. Aceitas, ou queres lutar comigo?
Revolveram-se-me então na mente abrasadas ideias, que mal se compadeciam com os sacros deveres prescritos a um filho pela sociedade e pela natureza.
Comprimido o coração, sentia estalar-me de agonia; e eu olhava esse velho implacável e frio, que embargava a minha ventura.
Baixei os olhos, meditei por largo tempo, e submeti-me à sua vontade férrea. Saí do seu quarto prostrado de amargura, e porque a dor era funda em meu coração.