— Meu pai – continuei com voz queixosa – adoçai o amargor do meu exílio! Bem sabeis quanto me é penosa esta separação, que só um requinte de filial condescendência a ela me obrigou. Oh! Fazei com que não saiba no lugar do desterro que minha pobre mãe verteu uma lágrima de aflita dor, longe do coração de seu filho, e que a desposada, que me concedestes, se conserva triste e pesarosa como ora a vedes. Oh! Velai por ela, meu pai, e que ela se conserve digna da mão que lhe está destinada.
Então olhou-me, e seu olhar era sinistro: suportei-o, e sempre imóvel ante ele, aguardei uma resposta.
Mordeu os lábios, e com esforço disse-me:
— Descansa. Avia-te, avia-te.
— Úrsula!... Minha Úrsula!... – prosseguiu o cavaleiro reprimindo um doloroso gemido – beijei as faces mimosas de minha desposada, uni minha mãe contra o coração; mas não lhe disse um adeus, nem um gemido me arquejou no peito; porque aí havia dorido sofrer.
Ela deu-me um derradeiro olhar, tão terno, tão apaixonado, tão expressivo de mágoa íntima, e de sincero reconhecimento, que as lágrimas, que me gotejavam no coração, por fim me ressaltaram nas faces, e prorrompi um copioso pranto...
Nesse olhar, em que lhe estava a alma, disse-me a infeliz seu derradeiro adeus!