a noite, e foi-me preciso respirar o ar fresco da manhã para restabelecer as forças.
— Ah, minha filha! – tornou a senhora B., querendo atrair Úrsula aos seus braços, a qual afetada pelo primeiro remorso, receava algum tanto lançar-se nos braços maternos – Vem abraçar-me... que tão ansiosa estava por ver-te!
Então a tímida menina, vencendo a sua perturbação, lançou-se com júbilo no seio de sua mãe, e soluços mal sufocados lhe rebentaram do peito.
Luísa B. mal podia compreendê-la, e olhava-a enternecida. Pouco e pouco convencida de que o seu penoso estado era a única causa de tão sentido choro, que outro motivo não podia ela descobrir, procurou serenar a extremosa filha, chamando sua atenção para outro objeto, e disse-lhe:
— Enxuga, minha Úrsula, as tuas lágrimas, não vês que eu não choro? – e procurava sorrir-se; mas era um riso amargo; porque o coração não estava isento de dores.
— Minha filha – continuou afetando tranquilidade – o nosso hóspede intenta deixar-nos hoje: pediu que me queria ser apresentado, e eu te aguardava para fazer-lhe as honras desta pobre casa.
Úrsula levou o lenço ao rosto por um movimento rápido, Luísa julgou que ela procurava daí extinguir o vestígio das suas lágrimas; mas a donzela ocultava o rubor subitâneo, que lhe tingia as faces, ouvindo sua mãe falar do homem, que lhe ocupava a alma, e por disfarçar a sua comoção disse distraidamente:
— E o nosso Túlio, que também se vai?!...
— É verdade! – tornou a pobre paralítica – e a nossa casa vai-se tornando cada vez mais isolada e triste!