Página:Ursula (1859).djvu/82

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no mancebo convalescente seu primo, de distinto nascimento, sua fronte curvou-se abatida, como a flor que, no arrebol da manhã ostentando beleza e sedução, vai rastear na terra, quebrada a haste por furacão violento.

O mancebo, compreendendo então o que se passava na alma dessa menina tão casta e tão delicada como um anjo, tomou-lhe a mão, dizendo-lhe:

— Úrsula, eu sou incapaz de uma má ação. O mancebo, que junto ao bosque solitário, depois de consultar o vosso coração, vos jurou amor e fidelidade, e que tomou a Deus por testemunha de que seria vosso esposo, está agora de novo ante vós. Sou o mesmo, Úrsula. Olhai-me.

Então ela levantou os olhos – havia neles amor e confiança.

— Agora, senhora, – continuou o mancebo dirigindo-se a Luísa B. que apenas ouvia-lhe a voz – agora não me negueis o único bem que ambiciono na vida. Senhora, eu amo a Úrsula, e fora preciso não conhecê-la para sair desta casa sem levá-la no pensamento e no coração. É Úrsula, senhora, o anjo dos meus sonhos, é a esperança de minha vida. Viver sem ela ora em diante fora morrer mil vezes, sem nunca encontrar o descanso da sepultura. Não ma negueis. Úrsula é a esposa que convém a minha alma, é a esposa que pede o meu coração. Sereis vós surda à minha súplica?

Entanto Luísa B., mais tranquila por aquelas palavras que francas e leais lhe pareciam, cobrando ligeira esperança, sem contudo poder vencer sua comoção, disse com voz fraca:

— Perdoai, senhor, se não tenho bastante confiança em vós. Bem vedes a que estado me vejo reduzida... e