D. MARIANA (no balcão vendo fazendas) – Pois em um moço admira. ERNESTO – Perdão, Júlia; gosto da sociedade; com ser estudante de São Paulo, não desejo passar por um roceiro. Mas quero estar na sociedade à minha vontade e não à vontade dos outros; quero divertir-me, olhar, observar; e não ser obrigado a responder a um sujeito que me pede fogo, a outro que me pergunta o que há de novo, e a outro que deseja saber quantas horas são. JÚLIA – E a Rua do Ouvidor? Que me diz? Não achou bonita? À noite sobretudo? ERNESTO – Oh! não me fale na tal Rua do Ouvidor! Se o Rio de Janeiro é o inferno, a Rua do Ouvidor é o purgatório de um pobre estudante de São Paulo que vem passar as férias na corte. JÚLIA – Não o compreendo, primo; é inteiramente o contrário do que me dizem todos. D. MARIANA (sempre no balcão) – Decerto; não há quem não fique encantado! ERNESTO – Pode ser, D. Mariana, não contesto; os gostos são diferentes, mas eu lhe digo os encantos que achei na Rua
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