Página:Versos da mocidade (Vicente de Carvalho, 1912).djvu/17

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XI

 

mento, deve ajustar-se-lhe com elegancia e correção. Apenas não quero que por amor ao apuro casquilho se faça da poezia o manequim do verso...

«...Os teus versos não deslumbram a vista pelo rendilhado artistico da fraze, pela esquizita beleza de um estilo arquitetado pitorescamente; mas rouxinolam no ouvido e ecoam docemente na alma...»

Assim pensava o autor aos vinte anos, separando, na poezia, o fundo e a fórma, para atribuir áquele urna absoluta supremacia, e a esta uma função acessoria. E é natural que, pensando de tal modo, ezecutasse com a mais convencida sem-cerimonia esse pensamento, sempre que se achava em dificuldade, e precizava apoiar os arroubos da inspiração nas azas de pau de um adjetivo apanhado ao acazo, ou de uma rima que só rimava pela intenção...

Reduzido pelo tempo a idéas menos radicais, ou menos confuzas, pensa hoje o autor o que esprimiu nas seguintes linhas de outro prefacio, escrito vinte anos depois daquele: