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VERSOS DA MOCIDADE


Si tantas vezes de tão perto a vemos!
Vemol-a tal qual é, tal qual se mostra:
Continuação do descuidado sono
Que dormimos depois de uma batalha,
Os fatigados membros descançando
Sobre os trofeus sangrentos da vitoria...
Nela, um dia, por fim, descançaremos
Sobre os louros da vida...

       E é bom, e é belo
Nas derradeiras convulsões, morrendo,
Matar, vencer ainda! E, como a rocha
Que se despenha do alcantil de um morro
Róla arranhando o chão, lascando troncos,
Para a sombra do abismo onde se afunda
Arrastando um cortejo de destroços;
Assim, é belo sucumbir lutando,
Morrer vibrando um derradeiro golpe,
E, ao cair, arrastar na propria queda,
O corpo e a vida do inimigo morto!

Pois cumpre-nos morrer, pois que devemos
Pagar um dia esse tributo ao nada,
Venha quando quizer a incerta morte:
Nós, sem medo, esperamol-a a pé firme.