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teem o espolio dos frades para devorar; estão entretidos: as freiras salvam-se porora.

Taes eram as esperanças dos tres homens que entravam a essas deshoras nos vedados precinctos do mosteiro. Sigamo-los porêm, que é tempo.

Chegavam elles a uma pequena capella do claustro das freiras, foram depor sôbre o altar o cofre que traziam, e ajoelharam devotamente deante d’elle. Logo se ouviu ao longe o psalmear baixo e sumido de vozes femininas; e d’ahi a pouco, toda a communidade das Claras, de tochas na mão, em duas alas, e a abbadessa com o seu baculo atraz, entravam processionalmente no claustro e se dirigiam á mesma capella.

O psalmo que cantavam era este:

[1] ’Meu Deus, vieram os barbaros ás tuas herdades, polluiram o teu sancto templo, pozeram Jerusalem como um grannel de fructos.

’Pozeram os cadaveres de teus filhos de cevo

  1. Deus, venerunt gentes in hereditatem tuam. Ps. 78.