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e junctámos as nossas miserias para as chorarmos como irmãos que somos, como filhos de paes que tanto se amaram e ajudaram. Perigrinaremos junctos por essas solidões da terra, e junctos iremos bater por essas portas que cerrou a impiedade e a indifferença, a pedir o pão de cada dia porque temos fome.

’Que importa! não professâmos nós, não nos honrâmos nós de ser mendigos? De que vivêmos nós sempre senão de esmolla?

’Não choreis irmans, não choreis sôbre nós. Deus que o permittiu bem sabe o que fez. Louvado seja elle sempre! Nós tinhamos peccados para mais! Ainda foi misericordioso comnosco o Senhor da justiça e do castigo.

’A nós tiraram-nos tudo, tudo! Até éstas mortalhas que tinhamos escolhido em vida e que nem a morte ousava roubar-nos.

’A furto e como quem se esconde para um acto criminoso, nós as vestimos ésta noite para commetter o que elles chamarão um furto, e que era uma obrigação sagrada nossa.