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e que lhe deixára para me intregar. Senti que tinha dentro o que quer que fosse a bolsa, não quiz examinar. Achei, quando voltei a casa, que era o fadado cinto de vidrilhos pretos que eu tanto tinha admirado em certo baile onde foramos junctos, e que Laura não deixára de pôr nunca mais em se vestindo de branco e que fizesse alguma toilette.

Ainda o conservo aquelle cinto precioso, Joanna; ainda a tenho, no meu thesoiro mais guardado, aquella joia, aquella reliquia. E amo-te, e amo-te a ti so como realmente nunca amei nem poderei tornar a amar. Mas aquelle cinto é uma sorte, um talisman, um amuleto em que está o meu destino.

Amei... isto é, amei... pois sim, amei, ja que não ha outra palavra n’estas estupidas linguas que fallam os homens; pois amei outras mulheres, e nos dias de maior enthusiasmo por ellas, não deixei nunca de beijar devotamente aquelle cinto, de o appertar sôbre o meu coração, de me incommendar a elle — como o salteador napolitano se incommenda ao escapulario da madona que traz ao peito, com as