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E comtudo lembro-me d’ella com pena, com sympathia... Se eu sou feito assim, meu Deus, e assim heide morrer!

Viemos para Portugal; e o resto agora da minha historia sabes tu.

Cheguei porfim ao nosso valle, todo o passado me esqueceu assim que te vi. Amei-te... não, não é verdade assim. Conheci, mal que te vi entre aquellas árvores, á luz das estrellas, conheci que era a ti so que eu tinha amado sempre, que para ti nascêra, que teu so devia ser, se eu ainda tivera coração que te dar, se a minha alma fosse capaz, fosse digna de junctar-se com essa alma d’anjo que em ti habita.

Não é, Joanna; bem o ves, bem o sentes, como eu o sinto e o vejo.

Eu sim tinha nascido para gosar as doçuras da paz e da felicidade doméstica; fui creado, estou certo, para a glória tranquilla, para as delicias modestas de um bom pae de familias.

Mas não o quiz a minha estrella. Embriagou-se de poesia a minha imaginação e perdeu-se: não me recobro mais. A mulher que me amar