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O silencio era o do sepulchro: so se ouvia o respirar incerto e descompassado do infêrmo.

Derepente Carlos entreabriu as palpebras e exclamou em inglez: ’Oh Georgina, Georgina, I love you still.’ — (Georgina, Georgina, eu ainda te amo).

Duas lagrymas — duas perolas, d’estas que se criam com tanta dor no coração e que ás vezes sahem com tanto prazer dos olhos — romperam do celeste azul dos olhos da dama e suavemente correram por aquellas faces de uma alvura pallida e mortal.

Carlos accordou de todo, abriu os olhos e cravou-os fixamente no rosto angelico d’essa mulher.

Esteve assim minutos: ella não dizia nada nem de voz nem de gesto: fallavam-lhe so as lagrymas que corriam quietas, quietas, como corre uma fonte perenne e nativa d’agua que mana sem esfôrço nem impeto, por um declive natural e facil.