o olhar na figura impalpável de uma moça com um alto penteado cheio de grandes pentes, muito branca, num traje rico de baile alto de outros tempos.
— Quem é? perguntei:
— Minha avó, em moça, mãe de meu pai. Viveu em França, assistiu à revolução. Demorei-me olhando o retrato e os meus sentimentos já eram outros. A fisionomia benévola da moça, terna, irresistivelmente meiga, fizera-me esquecer a carranca do velho de barba em colar.
— Gostaste? Tem alguma coisa da Escolástica, não achas?
— Parecem-se.
— Quando moça, era exatamente, dizia meu pai, exceto os olhos que, em Escolástica, puxam para o verde e, nela, eram profundamente azuis, de Minerva. Não parece nada com os outros meus avós, cujas fisionomias dão a entender que tinham da vida uma visão de carrasco.
— Você tem cada propósito, Manuel. Pareces doido... Ele foi sempre assim. Nunca se o pôde entender, disse para mim a velha tia.
— Não há desrespeito nenhum... Cada um na sua época, refletiu Gonzaga. Por mais