com as faces rubras, com seus estranhos olhos azuis e o prestígio das velhas raças de que se originavam. Saíam de Bordeaux ou do Havre, come un vol de gerfants; chegavam com a estranha fisionomia dos mármores que os séculos consagraram; e seus cabelos dourados faziam estremecer os ares, as casas, as almas da cidade. As próprias pedras do cais sentiam-nas, tornavam-se macias a seus pés, e a mica do granito procurava ter faiscações de diamantes. E daí iam transtornando tudo pelas ruas em fora. O vetusto palácio vice-real apurava-se, queria ser airoso, e, todo gamenho, se punha e remexer escaninhos em esquecidos aposentos ocultos para descobrir riquezas. O bronze da estátua, ao sol, tinha uns longes de ouro; e as mulheres paravam a ver o fascinante brilho. Na rua 1º de Março, as montras dos cambistas, ao perfume estrangeiro das recém-vindas, quase se desventuram e se abrem prodigamente a lhes dar moedas e notas, muitas e muitas. Elas seguem. É a Rua do Ouvidor. Então é a vertigem; todas as almas e corpos são arrebatados e sacudidos pelo vórtice. Há uma energia poderosíssima nelas todas e nas coisas de que se vestem; há atração, fascinação para esquecimento de nós mesmos e apagamento da nossa personalidade na luminosidade
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