dos convivas — amanuenses que tinham as suas grandes horas de satisfação e jucundo prazer ali, em torno daquela mesa e com uma orgia regada a café, entre o enfado da Repartição e as agruras de lares difíceis. O Rangel, aquarelista do futuro, mas na atualidade genial pintor para o gasto das etiquetas das casas comerciais, chegara por último. Continuava na Tragédia, uma peça de teatro japonês de sua invenção, interminável, com uma centena de atos, que ia sempre acabar na rua da Carioca, no Zé dos Bifes, um luculesco hoteleiro, meigo e bom, que dava jantares por 600 réis, árduos de procurar e obter. O Pedreira passou com o seu conhecido fraque de abas esvoaçantes e um longo pescoço de galináceo, misto de tesoura ao sabor do vento e de galo que come o milho aos grãos. Rangel quis ir-se, mal chegou, mas, instado, ficou ouvindo as nossas palestras superempíreas.
— Lá vai o Lord Max...
— Vocês sabem donde lhe vem a mania de inglês? fez Amorim.
— Não, disse alguém.
— Ele traduzia para os seus alunos, em Cruz Alta, o “Graduated”, com uma lista de significados nos punhos.
— Não sei, observou o Rangel: impa!