situação na vida não se lhe representaria perfeitamente. Viriam os anos e a ânsia que o estudo dá; viria o mundo social, com a sua trama de conceitos e preconceitos, justos e injustos, bons e maus — trama unida e espinhenta, contra a qual a sua alma se iria chocar... Era então a dor, as deliquescências, as loucas fugidas pela fantasia... Era o doloroso peregrinar com o opróbrio à mostra, à vista de todos, sujeito à irrisão do condutor do bonde e do ministro plenipotenciário... Era sempre, nos cafés, nas ruas, nos teatros, andando vinte metros na frente um batedor que avisava da sua presença e fazia que se preparassem as malícias, os olhares vesgos ou idiotas... Coitado! Nem o estudo lhe valeria, nem os livros, nem o valor, porque, quando o olhassem, diriam lá para os infalíveis: aquilo lá pode saber nada!
Tive uma pena infinda, imensa, afetuosa por aquela pobre alma órfã tantas vezes; eu tive uma imensa tristeza que aquela inteligência não se pudesse expandir livremente, segundo o próprio caminho que ela própria traçasse... Olhei-o algum tempo assim, cheio de pena, de afeto e tristeza. De repente, ele se pôs a chorar muito e com força, sem explicação, sem causa, e correu, como se estivesse