Ao despedir-me, Gonzaga me pediu:
— Vem mais a miúdo, para conversar com Aleixo. Ele vive tão só...
Depois da morte de seu compadre, a sua constante preocupação era o afilhado. Sem nenhum pretexto, sem causa nem motivo, em meio de uma palestra sobre assunto muito diverso, dava-lhe para falar no filho do Romualdo. Uma vez dizia: Preciso levá-lo ao Museu; outra, talvez fosse bom pô-lo de interno, para ganhar convivência, desembaraço, hábitos de sociabilidade. Que achas?
Eu possuía poucas aptidões pedagógicas, quase nenhumas; e respondia evasivamente. Notava, entretanto, que a presença constante da criança, a contemplação dela todo o dia, na intimidade familiar, tinha acelerado aquela alteração de humor no temperamento do meu velho amigo, que já observei; e trouxera mais uma carga de apreensões que não lhe eram habituais. Mudara... Gonzaga amava ternamente o rapaz; via-se bem que o queria como seu filho, e assim o tratava nos menores atos, e, nas mais simples palavras que lhe dirigia, punha a meiguice e a doçura de pai. Depois desta visita, mais de uma vez, porém, eu o surpreendi a olhar o afilhado com olhar de sibila. Havia não sei que grande esforço