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Vidas Seccas
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nho machucados no bolso, o paletot no hombro e as botinas enfiadas num pau, o vaqueiro achou-se perto della e acolheu-a.

Retomou a posição natural: andou cambaio, a cabeça inclinada. Sinha Victoria, os dois meninos e Baleia acompanharam-no. A tarde foi comida facilmente, e ao cahir da noite estavam na beira do riacho, á entrada da rua.

Ahi Fabiano parou, sentou-se, lavou os pés duros, procurando retirar das gretas fundas o barro que lá havia. Sem se enxugar, tentou calçar-se — e foi uma difficuldade: os calcanhares das meias de algodão formaram bolos nos peitos dos pés e as botinas de vaqueta resistiram como virgens. Sinha Victoria levantou a saia, sentou-se no chão e limpou-se tambem. Os dois meninos entraram no riacho, esfregaram os pés, sahiram, calçaram as chinelinhas e ficaram espiando os movimentos dos paes. Sinha Victoria apromptava-se e erguia-se, mas Fabiano soprava arreliado. Tinha dominado a obstinação duma daquellas amaldiçoadas botinas; a outra emperrava, e elle, com os dedos nas alças, fazia esforços inuteis. Sinha Victoria dava palpites que irritavam o marido. Não havia