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Página:Vidas seccas.pdf/47

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Vidas Seccas
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Fabiano cahiu de joelhos, repetidamente uma lamina de facão bateu-lhe no peito, outra nas costas. Em seguida abriram uma porta, deram-lhe um safanão que o arremessou para as trevas do carcere. A chave tilintou na fechadura, e Fabiano ergueu-se atordoado, cambaleou, sentou-se num canto, rosnando:

— Hum! hum!

Porque tinham feito aquillo? Era o que não podia saber. Pessoa de bons costumes, sim senhor, nunca fôra preso. De repente um fusuê sem motivo. Achava-se tão perturbado que nem acreditava naquella desgraça. Tinham-lhe cahido todos em cima, de supetão, como uns condemnados. Assim um homem não podia resistir.

— Bem, bem.

Passou as mãos nas costas e no peito, sentiu-se moido, os olhos azulados brilharam como olhos de gato. Tinham-no realmente surrado e prendido. Mas era um caso tão exquisito que instantes depois balançava a cabeça, duvidando, apesar das machucaduras.

Ora o soldado amarello... Sim, havia um amarello, criatura desgraçada que elle, Fabiano,