Saltar para o conteúdo

Página:Vidas seccas.pdf/50

Wikisource, a biblioteca livre
46
Graciliano Ramos

Afinal para que serviam os soldados amarellos? Deu um pontapé na parede, gritou enfurecido. Para que serviam os soldados amarellos? Os outros presos remexeram-se, o carcereiro chegou á grade, e Fabiano acalmou-se:

— Bem, bem. Não ha nada não.

Havia muitas coisas. Elle não podia explical-as, mas havia. Fossem perguntar a seu Thomaz da bolandeira, que lia livros e sabia onde tinha as ventas. Seu Thomaz da bolandeira contaria aquella historia. Elle, Fabiano, um bruto, não contava nada. Só queria voltar para junto de sinha Victoria, deitar-se na cama de varas. Porque vinham bulir com um homem que só queria descançar? Deviam bulir com outros.

— Ahn!

Estava tudo errado.

— Ahn!

Tinham lá coragem? Imaginou o soldado amarello atirando-se a um cangaceiro na catinga. Tinha graça. Não dava um caldo.

Lembrou-se da casa velha onde morava, da cozinha, da panella que chiava na trempe de pedras. Sinha Victoria punha sal na comida,