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Página:Vidas seccas.pdf/68

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Graciliano Ramos

e eram quasi felizes. Só faltava uma cama. Era o que aperreava sinha Victoria. Como já não se estazava em serviços pesados, gastava um pedaço da noite parafusando. E o costume de encafuar-se ao escurecer não estava certo, que ninguem é gallinha.

Nesse ponto as idéas de sinha Victoria seguiram outro caminho que pouco depois foi desembocar no primeiro. Não era que a raposa tinha passado no rabo a gallinha pedrez? Logo a pedrez, a mais gorda. Decidiu armar um mundeo perto do poleiro. Encolerizou-se. A raposa pagaria a gallinha pedrez.

— Ladrona.

Pouco a pouco a zanga se transferiu. Os roncos de Fabiano eram insupportaveis. Não havia homem que roncasse tanto. Era bom levantar-se e procurar uma vara para substituir aquelle pau amaldiçoado que não deixava uma pessoa virar-se. Porque não tinham removido aquella vara incommoda? Suspirou. Não conseguiam tomar resolução. Paciencia. Era melhor esquecer o nó e pensar numa cama igual á de seu Thomaz da bolandeira. Seu Thomaz tinha uma cama de verdade, feita pelo carpinteiro, um es-