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Página:Vidas seccas.pdf/76

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Graciliano Ramos

O menino deitou-se na esteira, enrolou-se e fechou os olhos. Fabiano era terrível. No chão, despidos os couros, reduzia-se bastante, mas no lombo da egua alazã era terrivel.

Dormiu e sonhou. Um pé de vento cobria de poeira a folhagem das imburanas, sinha Victoria catava piolhos no filho mais velho, Baleia descançava a cabeça na pedra de amolar.

No dia seguinte essas imagens se varreram completamente. Os joazeiros do fim do pateo estavam escuros, destoavam das outras arvores. Porque seria?

Approximou-se do chiqueiro das cabras, viu o bode velho fazendo um barulho feio com as ventas arregaçadas, lembrou-se do acontecimento da vespera. Encaminhou-se aos joazeiros, curvado, espiando os rastos da egua alazã.

Á hora do almoço sinha Victoria reprehendeu-o:

— Este capeta anda leso.

Ergueu-se, deixou a cozinha, foi contemplar as perneiras, o guarda-peito e o gibão pendurados num torno da sala. D'ahi marchou para o cachorra — e o projecto nasceu.